domingo, 25 de março de 2012

Texto para ler e comentar!

 
Imaginemos uma situação surrealista: os pais dos alunos, vendo os filhos com um professor muito ruim, decidem pagar o seu salário, para que ele não vá à escola e seja substituído por outro. Esses pais seriam loucos ou irracionais? Pesquisas recentes mostram que, pelo menos nos Estados Unidos, seria um comportamento inteligente. Se os 5% piores professores fossem substituídos por outros, de qualidade média, em seu conjunto, a turma teria salários adicionais de 1,4 milhão de dólares, após sair da escola. O que os pais gastariam pagando esses professores ruins para ficar em casa (cerca de 50000 dólares por ano) é bem menos que esse adicional de renda. Não temos estimativas comparáveis para o Brasil, mas, como aqui os professores ganham menos e a educação aumenta o rendimento financeiro, mais do que nos países industrializados, é provável que fazer esse gasto fosse um negócio ainda melhor. Segundo outra pesquisa, ter um mau professor por três anos causa o mesmo dano que faltar a 40% das aulas.
Diretores habilidosos conseguem infernizar a vida dos seus péssimos professores, até que eles peçam para sair. Isso resolve o problema daquela escola, mas não do sistema, pois esse professor ruim irá para outro estabelecimento. A prefeitura de Nova York tira seus piores professores de sala de aula e coloca todos em um salão enorme, onde eles ficam conversando ou fazendo palavras cruzadas. Diante da impossibilidade legal de despedi-los, é melhor pagar, em vez de deixar que os alunos sejam suas vítimas. Em todo continente é quase impossível despedir professores, mesmo que fraquíssimos. A exceção é Cuba, onde isso acontece com regularidade. Será por isso que Cuba tem a melhor educação da América Latina? É muito mais do que isso, mas ver-se livre dos piores deve ajudar.
É absurdo os secretários de Educação não aproveitarem o período probatório (em geral de dois anos). Nesse prazo, dentro da lei, eles podem não confirmar a contratação dos muito fracos. Pelo que nos dizem os estudos, em um ano é possível identificar os que não têm o perfil requerido para o magistério. Peneirar os mestres é o que faz o sistema privado, sem causar traumas nem comoções. Por tentativa e erro, os bons vão subindo e recebendo carga horária maior, enquanto os ruins ficam no limbo. Se não melhoram, são dispensados. Não obstante, o privado atrai os melhores professores, pagando mais ou menos o mesmo que o público. Ou seja, o medo de perder o emprego não assusta os bons.
Está enganado quem leu nesses comentários um insulto aos professores. É o oposto, pois eles demonstram a sua importância crítica. Eliminar o joio facilita a missão indispensável de valorizar o trigo, ou seja, quem tenta fazer um trabalho sério. Os professores são maltratados pelo público, por causa de alguns poucos que são fracos, desmotivados ou negligentes, trazendo má reputação à classe. Sem eles, a imagem da profissão seria engrandecida. Surpreende que os sindicatos prefiram apoiar seus membros irresponsáveis ou incompetentes, em vez de permitir sua depuração, valorizando o magistério que eles pretendem representar. E também surpreende que os professores aceitem isso de seus sindicatos.
Mas como poderemos saber quem são os bons e os maus professores? Garantir que conheçam a matéria a ser ensinada é um primeiro passo. Há avanços nas pesquisas, usando métodos de observação em sala de aula, por juízes neutros. Há também estimativas de quanto cada professor contribui para o aprendizado dos seus alunos. Combinando indicadores, reduzimos a margem de erro. Contudo, ainda são medidas imperfeitas. No caso dos professores muito ruins, porém, erraremos bem pouco na sua identificação. Pesquisa recente mostra que os bons diretores reconhecem corretamente os professores bons e os fracos. Os alunos e os outros professores também. Dá para imaginar um técnico de futebol que fica com pena e não tira do time o jogador perna de pau? Será que na educação o futuro dos alunos não deveria vir em primeiro lugar? Por que os mestres devem continuar a ter a sua imagem manchada por culpa de uns poucos? Que direito tem o estado de permitir que a educação seja assassinada por alguns professores reconhecidamente inadequados?
Autor: Claudio de Moura Castro que é economista.
Fonte: Revista Veja.

6 comentários:

  1. Este texto traz uma reflexão muito pertinente, sempre discuto que a valorização é muito mais que salário. Alguns professores podem ganhar milhões e não vão render na sala, o primeiro passo da valorização ao meu ver é nos reconhecermos enquanto profissionais, é mudarmos o discurso. Como é professores e professoras de escolas públicas matriculam seus filhos em escolas particulares? Não acreditam no próprio trabalho???!!!

    Lucicleide

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  2. É isso aí Lucicleide! O primeiro passo para fazermos uma educação de qualidade é acreditarmos nela! Valeu a contribuição!

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  3. o texto é bem interessante pois pode levar os professorea a refletir sobre a escola que queremos.Para que aconteça uma educação de qualidade precisamos de profissinais que gostem do que fazem e busquem uma melhor qualificação profissional,em muitos casos o fator estabilidade levou alguns professores a acomodação e estes professores estão levando a desvalorização cada vez maior da profissão.valeria

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  4. Concordo com vc Valéria! Alguns professores simplesmente "acomodam-se" após algum tempo de funcionalismo público, deixando de fazer o seu melhor. Uma pena que só passem a atuar desse modo após serem avaliados em seus estágios probatórios, para não serem exonerados por justa causa! Duvido que atuem desse jeito em instituíções privadas! Trabalham como se a educação da escola pública tivesse menos importância..!São profissionais como esses que desvalorizam e envergonham a nossa classe docente!=(

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  5. Temos que entender alguns fatores: um deles é o estado dos países desenvolvidos que investem na educação principalmente em pesquisas para que os alunos criem novos inventos e encontrei mecanismo que venham fazer a economia desses países cresceram por isso se tem um grande investimento na educação e uma valorização dos professores (se ver isso por exemplo no Japão. Outra coisa são os países subdesenvolvidos e suas particularidades irei argumentar no caso o nosso (Brasil. Nosso país como a maioria, é um estado burguês, e essa burguesia não quer até o instante momento ( possa ser que no futuro ela queira)que a população pense, se organiza saiba sua função social, seus direitos, apenas que a população seja um curral eleitoral e repasse a cultura burguesa, além do mais o estado atende o interesse dessa burguesia (Estado aqui, poder judiciário, executivo e legislativo)por isso não há uma valorização na educação.
    Mas como poderemos então resolver a situação da educação?
    Vejamos nosso argumento: Isso vai ter que ser um ato intrínseco de cada professor e principalmente de como a direção da escola vai motivar seus educadores ( pois como eu disse acima não há interesse do Estado), de como, vai ser planejado o currículo , o calendário escolar, e o trabalho dessa direção com a comunidade e a família dos alunos, todos nós gestores e professores teremos que fazer um trabalho de conscientização dos alunos e para que eles saibam seu papel na sociedade e juntarmos forças com as comunidades para forçar o estado a investir na Educação, Isso sem esperar retorno salário a curto prazo.
    Sendo assim concluímos que o problema da gestão escolar e da nossa educação e do nosso salário, é um problema político, e que a única maneira de mudança é a conscietntização das classes sociais, para uma mudança da educação e isso dependerá, de como os professores e os gestores irão ( iremos) se organizar para essa mudança.

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